Governança da internet e justiça socioambiental. LAPIN leva escuta coletiva e saberes diversos ao FIB15 rumo à COP30

Com a participação de lideranças indígenas, acadêmicas e ativistas, iniciativa propôs  articulação entre justiça socioambiental e governança digital

Brasília, 5 de junho de 2025 – Durante o 15º Fórum da Internet no Brasil (FIB15), o Laboratório de Políticas Públicas e Internet (LAPIN) realizou a atividade  “Conexões sustentáveis: IA, justiça climática e participação social rumo à COP 30”, reunindo lideranças indígenas, ativistas, acadêmicos e especialistas em tecnologia para discutir os impactos ambientais da infraestrutura digital e construir caminhos rumo à justiça social e climática na era da inteligência artificial. 

LAPIN no FIB15 reúne lideranças e especialistas para debater IA, justiça climática e rumo à COP 30. Foto: Yuri Lima

Em uma roda de conversa marcada pela escuta ativa e pela construção coletiva, a atividade levou ao FIB15 uma provocação urgente: como tornar a transformação digital compatível com os direitos humanos e com os limites do planeta em tempos de crise climática?

A iniciativa, promovida pelo LAPIN, partiu do entendimento de que a infraestrutura que sustenta o mundo conectado, como data centers e redes de conexão, gera impactos socioambientais ainda pouco visibilizados nos debates públicos. A proposta foi colocar a  justiça socioambiental no centro da agenda digital, ampliando o diálogo multissetorial em direção à COP 30, que vai ocorrer em Belém (PA), em novembro de 2025.

LAPIN no FIB15 reúne lideranças e especialistas para debater IA, justiça climática e rumo à COP 30. Foto: Yuri Lima

“Quando pensamos nessa atividade, queríamos um espaço colaborativo de diferentes vozes sobre as intersecções e contradições entre a tecnologia, o meio ambiente e as comunidades. Tivemos um momento de troca e construção coletiva de assuntos ainda pouco debatidos.” afirma Camila Cristina, coordenadora do Grupo de Trabalho de Inteligência Artificial do LAPIN. 

LAPIN no FIB15 reúne lideranças e especialistas para debater IA, justiça climática e rumo à COP 30. Foto: Yuri Lima

O encontro contou com participações que enriqueceram o debate com perspectivas diversas e comprometidas com a transformação social. Entre elas estiveram: Carol Puyanawa, comunicadora indígena do povo Puyanawa; Suellen Tobler, criadora do Nheengatu App; Jéssica Ribeiro Cardoso, integrante do Coletivo C-Partes; Milena Cramar, mestranda em Direitos Humanos pela Universidade Federal do Paraná (UFPR); Ray Baniwa, da Rede Wayuri e do Instituto de Desenvolvimento Humano (IDH); Mestre Jaime, da Associação Cultural de Capoeira Angola Paraguassu; e André Fernandes, do Instituto de Pesquisa em Direito e Tecnologia do Recife (IP.rec).

A presença desses convidados fortaleceu a proposta do LAPIN de articular conhecimento técnico, saberes tradicionais e ativismo em favor de uma governança digital mais justa, inclusiva e sustentável. Os resultados servirão de insumo para ampliar a participação de diversos atores da governança da internet nas preparações brasileiras para a COP30, além de incentivar a criação de um espaço contínuo de articulação sobre tecnologia, clima e justiça social.

Sobre o LAPIN

O Laboratório de Políticas Públicas e Internet (LAPIN) é um centro independente de pesquisa e ação voltado aos desafios sociais, éticos e jurídicos que as tecnologias digitais impõem a uma sociedade global conectada. Fundado em 2016, em Brasília, o LAPIN atua como ponte entre a sociedade civil e os tomadores de decisão, promovendo o debate público sobre políticas digitais a partir de uma perspectiva interdisciplinar e comprometida com os direitos fundamentais.

Sobre o FIB

O Fórum da Internet no Brasil (FIB), promovido anualmente pelo Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br) desde 2011, consiste em uma atividade preparatória para o Fórum de Governança da Internet (IGF), evento global promovido pela Organização das Nações Unidas (ONU). Por meio do FIB, o CGI.br busca incentivar representantes dos setores que o compõem a acompanhar, opinar e debater sobre as questões mais relevantes para a consolidação e expansão de uma Internet no Brasil cada vez mais diversa, universal e inovadora, que expresse os princípios da liberdade, dos direitos humanos e da privacidade, conforme o decálogo de Princípios para a Governança e Uso da Internet.

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